Remendando uma dupla crise com solidariedade
Atingidos pela pandemia de COVID-19 e por um forte terremoto ao mesmo tempo, os moradores de Zagreb estão se auto-organizando para fornecer comida, consertar casas, levar recados para pessoas isoladas e oferecer apoio psicoterapêutico gratuito.
“Estamos tentando agir, e não lamentar”,
disse Filip Brničević, fundador do restaurante OAZA Joyful Kitchen. O restaurante vegano abriu recentemente no centro da cidade velha, quando a Croácia fechou todos os negócios que envolviam contato direto para impedir a propagação do COVID-19.
Brničević disse que seu negócio foi inspirado a tomar ação quando um terremoto de magnitude 5,5 atingiu a cidade de um milhão de habitantes. Foi o mais forte em 140 anos e danificou muitos prédios na parte antiga da cidade, deixando algumas pessoas desabrigadas. Brničević e sua equipe começaram a cozinhar e distribuir refeições de forma gratuita.
“Queríamos fazer algo em benefício de nossa comunidade. Muitas pessoas estão agora isoladas em suas casas ou em alguns abrigos, algumas delas perderam seus empregos e podem estar deprimidas. Queremos colocar sorrisos de volta em seus rostos”, diz ele.
Eles lançaram uma campanha de financiamento coletivo chamada Terremoto em Zagreb – Comida pela Vida, para apoiar dois meses de refeições gratuitas. Uma garotinha fez à mão um desenho e uma placa que dizia:
“Obrigado por nos ajudar. Ena te ama”.
Além dos esforços do restaurante, uma iniciativa de mídia social “Jedni za druge” (que se traduz em “um pelo outro”) está avisando pessoas que desejam ajudar outras pessoas que estão se isolando devido à crise do coronavírus. O grupo cresceu rapidamente para mais de 16.000 voluntários bem-organizados que vão ao supermercado para idosos e que podem ser contatados por meio de um número de telefone nas cinco maiores cidades da Croácia.
“Ainda estamos focados nas pessoas que não podem sair de casa. Fazemos compras para elas, trazemos comida da cozinha pública, bem como remédios. Também recebemos outros tipos de solicitações e tentamos conectá-los com as autoridades responsáveis. E às vezes as pessoas só querem falar com alguém ou querem algo não essencial, como jogos de tabuleiro. Tentamos encontrar tempo para isso também”, diz Tia Špero, uma coordenadora.
Voluntários também estão ajudando a limpar as milhares de chaminés que foram abaladas pelo terremoto, que ameaçam cair. Uma equipe de alpinistas locais se ofereceu para proteger as perigosas chaminés.
“Muitas pessoas não podem pagar empresas de construção para consertar seus telhados, então nós as ajudamos. Recebemos tantos e-mails bonitos com as pessoas dizendo que devolvemos a confiança nos seres humanos em geral. É muito bom dar esperança a eles", diz a alpinista Ana Kontrec, após seu quinto dia consecutivo de voluntariado em telhados.
“Gostamos de escalar e para nós isso também é um desafio, usar nossas habilidades e resolver um problema. Não é um sacrifício, nós gostamos de fazer isso.”
Os profissionais de saúde mental intervieram para oferecer apoio às pessoas que se sentem isoladas ou que experienciaram choques e traumas devido ao terremoto, além da perda de empregos e casas. Um grupo chamado Niste sami (Você Não Está Sozinho) contratou psicoterapeutas e estudantes de psicoterapia para oferecer suporte online e por telefone de forma gratuita.
“Fiquei surpreso com a quantidade de terapeutas e alunos instruídos que se voluntariaram (para participar) todos os dias. É maravilhoso ver quantas pessoas estão dispostas a oferecer seu apoio “, diz o fundador da plataforma Rajana Radosavljev.
A plataforma foi lançada no dia seguinte ao terremoto. As pessoas podem reservar as suas sessões através de um formulário online e um voluntário irá responder.
“Percebemos que esse tipo de apoio é mais necessário do que nunca. No início, as pessoas tinham mais medo de novos terremotos e havia muitos problemas com pânico. No momento, trata-se mais sobre o isolamento e medos das consequências da pandemia. Não se trata de alguém tendo que lidar com um grande problema, toda a emoção que alguém possa ter é bem-vinda”, diz Radosavjev.
Tia Špero disse que parecia que a crise trouxe o melhor da comunidade de Zagreb.
“As pessoas sentem a necessidade de se envolver em sua comunidade local, esperamos que isso continue”, diz ela.
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- Tradução: Tiago Giordani - tiago.giordani.translator@gmail.com
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