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Vilarejos de Casas em Miniatura (Tiny Houses) surgem à medida que pessoas são despejadas de suas casas nos EUA

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Artigo de Tina Jenkins Bell publicado originalmente na Shareable em 21.07.2020 e como capítulo do ebook gratuito Lesson's From the First Wave que retrata lições da primeira fase de pandemia.

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Tradução por Tiago Giordani - tiago.giordani.translator@gmail.com

Vilarejo com várias mini-casas (tiny houses)
Crédito da imagem: Biblioteca de Fotos do Sightline Institute: Missing Middle Homes

Vilarejos de mini-casas (tiny houses é o termo mais utilizado) em todo os EUA estão crescendo, apesar da recessão devido à pandemia e os desafios de zoneamento para os proprietários.

“As pessoas olham para esse fenômeno e eu acho que parte do que está levando a mídia à loucura com isso é que parece ridículo. ‘Por que alguém faria isso?’ Então, há um segundo pensamento que diz, ‘oh não, o que é realmente ridículo é morar na minha casa de 230 metros quadrados que eu tenho que trabalhar 50 horas por semana para sustentar, e eu realmente não tenho uma vida. ‘Isso é o que é ridículo”, disse Gerry Brown, de Wishbone Tiny Homes, no documentário Living Tiny Legally, Part I (Vivendo de Forma Minimalista Legalmente, Parte I).

Defensores dos sem-teto e entusiastas de tiny houses concordam que reduzir é a melhor opção para esses tempos. Suas razões variam, incluindo autonomia de espaço, menor demanda por recursos e emissão de gases de efeito estufa, além da flexibilidade. Outro fator é o custo. Defensores dizem que viver de forma minimalista não requer escolher entre viver “no agora”, possuindo uma casa e pagando suas contas. Outros podem acrescentar que a criatividade é um fator positivo, pois muitos que optam por morar em pequenas casas também as projetam e as constroem de acordo às suas necessidades, desejos e estética. Agora reunidas em vilas, essas pequenas casas têm a vantagem de acesso a uma comunidade onde as pessoas podem se envolver, interagir e se ajudar mutuamente, semelhante a um bairro tradicional.

“A ideia de construir essas vilas na verdade veio a partir dos moradores, porque eles viviam entre si como uma comunidade, uma família. Eles passaram a se conhecer e não queriam perder isso. Mas eles queriam ter o seu próprio espaço,” disse Jaycie Osterberg, Diretora Executiva da Quixote Communities, um grupo que cria soluções em habitação e serviços de suporte para pessoas que estão atualmente ou em situação de risco ou se tornando sem-teto.

“Atualmente, estamos construindo uma vila de 35 casas para veteranos da guerra e aprendemos muitas lições. Nessa vila, haverá mais unidades ADA (American Disabilities Act, ou Ato para Americanos com Deficiências) para atender a muito mais veteranos com deficiência”, disse Osterberg.

A configuração da vila tem sido tão bem-sucedida que organizações atualmente oferecendo vilas com pequenas casas estão sendo procuradas internacionalmente por outras pessoas que desejam seguir seu modelo.

Uma solução para as necessidades de abrigo em uma pandemia

As pessoas sem-teto enfrentam muitos desafios além da falta de abrigo. Muitos circulam constantemente na procura por lugares para se limpar, descansar e encontrar comida. Por não terem abrigo, eles têm que carregar todos os seus pertences com eles. Com essa vida transitória vem a solidão, a falta de uma comunidade e, muitas vezes, uma sensação de desesperança.

A pandemia de COVID-19 aumenta o fardo das pessoas necessitadas. Muitos dos espaços públicos e comerciais que antes contavam para higiene e outros fins não são mais facilmente acessíveis, mesmo que muitos desses espaços públicos sejam facilmente fechados para uma reabertura com limitações, com horários de funcionamento reduzidos.

“Pequenas casas são ideais para moradias durante a pandemia porque são separadas. Em abrigos tradicionais, as pessoas dormem poucos centímetros umas das outras, então a cidade de Seattle imediatamente reconheceu isso e pediu para construir mais unidades,”

diz Aaron Long, um representante do Low Income Housing Institute (Instituto para Habitação de Baixa Renda).

Long disse que a necessidade por essas vilas estava crescendo porque os sem-teto “realmente gostam das qualidades das casas minimalistas” durante uma pandemia. “Eles podem trancar as portas e guardar com segurança seus pertences em um único lugar,” disse ele.

Long e outros defensores do alívio da crise dos sem-teto dizem que vilas minimalistas estão se expandindo rapidamente. “Começamos o programa há quatro anos com uma vila e nesses quatro anos nós estamos com mais de doze vilas e 350 unidades,” disse Long.

Outros grupos, incluindo Second Wind Cottages e Square One Villages no Oregon, também estão em grande crescimento.

Alguns desses pequenos vilarejos oferecem micro-abrigos para emergências ou dormitórios junto a um prédio comunitário que tem banheiros, chuveiros, cozinhas e uma área comum para uso comunitário. Outros oferecem soluções de habitação permanente ou de longo prazo. Muitos dos programas estão derrubando as barreiras para a habitação e permitindo que os residentes permaneçam o tempo que for necessário.

Alguns defensores acreditam que a configuração de vilarejo capacita os residentes que administram suas vilas de forma semelhante às associações de proprietários, garantindo a manutenção de espaços individuais e comunitários.

O apoio da comunidade foi um grande trunfo nos primeiros dias da pandemia e das quarentenas obrigatórias.

“O COVID-19 acabou com a esperança das pessoas. Muitos homens perderam seus empregos na qual trabalharam duramente para obter e sua visita aos filhos foi cortada pela necessidade de ficar em casa”, disse Sorensen. “Só por causa de seu estado de fragilidade, havia muitos problemas de saúde mental e alguns dos homens voltaram a se automedicar e isso passou a se intensificar. Isso foi muito difícil de se ver e de não poder fazer nada a respeito. Mas nem tudo foi negativo.” Estar incapaz de viajar para fora de sua vila significa que residentes da “Second Wind” se envolveram mais em atividades de construção comunitária tais como jardinagem e criação de galinhas. Sua atenção foi desviada de coisas que eles não podiam fazer ou controlar para coisas que eles poderiam realizar para sustentar a si mesmos e a seus vizinhos.

Há um outro benefício indireto das vilas minimalistas. De acordo com a gerente de relações comunitárias da Square One Villages, Amanda Dellinger, essas vilas são mais baratas de desenvolver e construir do que as moradias populares tradicionais, que têm regras rígidas para a construção.

Dellinger disse que uma organização pode aumentar os custos de US$ 250.000 por apartamento devido aos vários requisitos e despesas além da construção. Em uma pequena vila, o custo é de cerca de US$ 90.000 por unidade.

“E você consegue muito mais. Cada unidade é única, (e eles) têm suas próprias cozinhas e banheiros,” disse ela.

Square One Villages atualmente está em três locais. Duas vilas oferecem alojamento permanente e uma terceira oferece cabines emergenciais para dormir ou micro-abrigos. Todas as vilas têm espaços e instalações comuns.

Uma opção para viver fora do sistema

Antes que as pequenas vilas se tornassem um reduto para os sem-teto, os americanos que queriam uma alternativa às suas casas grandes e o grande aumento do custo de vida aderiram ao movimento das tiny houses. Embora alguns busquem a liberdade adicional de viver estilos de vida solitários fora dos bairros tradicionais, segmentos crescentes da população dos EUA, incluindo idosos e jovens, estão optando por viver de forma minimalista em ambientes comunitários com base nos seus interesses, desejos e necessidades.

Dellinger, que tem esclerose múltipla, disse que ela e seu esposo adotaram a casa minimalista porque era a melhor escolha para se adequar ao estilo de vida e às necessidades deles naquela época.

“Para mim, estava relacionado à saúde. Eu tenho um futuro previsível de deficiência. Tenho ficado com incapacidades significativas e não apta a trabalhar, caminhar ou dirigir. Eu queria descobrir como ser um provedor para minha família. Mas se algo acontecesse, eu não queria correr o risco de perder tudo só porque eu não poderia pagar por uma hipoteca. Então decidimos por construir uma tiny house.

“Meu esposo projetou a casa e sabia como construí-la, então fizemos isso juntos. Os custos de mão-de-obra eram em torno de dois terços do custo de construção, portanto fomos capazes de construir uma pequena casa de alto padrão que era específica para nossas necessidades e desejos. Esse foi o motivo original e nós o tratamos como um trampolim para algo maior. Podemos manter e alugar a casa para obter uma renda adicional”, disse Dellinger.

De acordo com o artigo 14 da Livable Tiny House Communities, publicado na thespruce.com, essas comunidades variam em suas ofertas. Alguns são antigos parques para veículos ou parques para trailer, localizados em locais pitorescos, que permitem que moradores possam entrar e sair de suas casas à vontade. Outros estão localizados permanentemente em pequenas comunidades, que são pequenas casas ao redor de uma área comum e situadas perto ou dentro de ambientes residenciais.

Independente do projeto da vila, as pessoas tendiam a localizar suas pequenas casas em áreas de indivíduos que pensam de forma semelhante, como os amantes da natureza. Jovens mostraram um grande interesse nessas casas, com 63 por cento dizendo que considerariam viver em uma casa dessas, de acordo à CNN. Os aposentados são outro grupo que está pensando em reduzir o tamanho onde moram. Uma pesquisa da thetinylife.com descobriu que perto de 30 por cento dos residentes dessas casas estão entre 51 e 70 anos.

Pequenas desafios permanecem apesar da demanda

“O maior desafio de morar em uma dessas casas é descobrir onde colocá-la devido ao zoneamento. Normalmente, o tamanho mínimo de uma casa nos EUA é de 90 metros quadrados,” disse Andrew Morrison da Tiny House Build Oregon, no documentário.

Essas casas na média podem ter em torno de 9 a 36 metros quadrados, de acordo à ipropertymanagement.com. Algumas das pequenas casas usadas para organizações habitacionais podem ter 8 metros quadrados ou menos.

Apesar da demanda crescente, os pequenos vilarejos costumam enfrentar problemas de zoneamento e codificação, que podem variar de estado para estado e até mesmo de cidade para cidade. O zoneamento determina onde as casas podem ser colocadas e os códigos de habitação estipulam os requisitos de construção. Os proponentes preveem que esses desafios cederão à medida que mais consumidores defenderem leis mais flexíveis, e estados como Colorado, Maine, Michigan, Nebraska, Nevada, Carolina do Norte, Dakota do Sul e Texas tomarem medidas para afrouxar as restrições. Ipropertymanagement.com lista esses estados como os “mais amigáveis com as casas minimalistas, muitos criando leis especiais ou reservando terras especificamente para casas pequenas e suas comunidades

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