Vamos falar do lado sombra da empatia?
Quando testemunhamos sucessivas situações/pessoas em sofrimento, e mais outra e outra, podemos sentir culpa, impotência, pena, raiva e até desespero. Quanto mais sensíveis e empáticos formos; quanto mais estrutural as violências forem, maior o risco de chegarmos ao extremo do desgaste emocional. É como se estivéssemos queimando até a exaustão, daí o termo em inglês para a fadiga: burnout.
Neste estado extremo, temos vários prejuízos para a saúde pessoal e interpessoal. Ficam comprometidas as nossas capacidades de raciocínio; de adaptação e resposta pró-social. Não é raro a pessoa com fadiga dizer “não estou conseguindo pensar com clareza.”
Este tema me veio a mente, quando num processo de auto-observação me dei conta das minhas respostas corporais, emocionais e cognitivas. No grupo de WhatsApp de amigos da comunidade Idealista, ao ver uma mensagem de uma mulher grávida, relatando as inúmeras dificuldades e violências que está sofrendo. Antes mesmo de acabar o vídeo percebi alterações em mim. Meu corpo ficou tenso, sensação de aperto no peito minha respiração ficou suspensa, sem consciência eu já estava prendendo a respiração. Comecei a sentir irritação, indignação, e um senso de injustiça. Pensamentos do tipo "Isso não devia existir. Ninguém deveria passar por isso em pleno século XXI".
Foi então que pensei em vocês, idealistas, tão empáticos. Lembrei que um dos temas abordados no nosso encontro foi sobre quem cuida do cuidador. Me lembro até que algumas das ONGs de vocês têm um apoio neste sentido, por ex: a mães de filhos atípicos.
Como uma pessoa extremamente pragmática fico pensando em formas preventivas.
O que podemos fazer para que os idealistas não cheguem a esta fadiga? Existe algo que a plataforma Idealist possa fazer para fomentar o bem estar entre os idealistas? Como você lida com a carga de sofrimento que vem junto com as ações de trabalho voluntário? Estas e outras perguntas estão rodeando a minha mente.
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Atualmente, estagiária em Gestão de Comunidade na Idealist. Mestre em psicologia, com interesse em inovação e autogestão. Apaixonada pelo potencial criativo e intuitivo dos coletivos. Residiu por 9 meses em uma “comunidade vertical” e 1 mês na College for International Cooperation and Development, focada em ativismo. Encontrou na Idealist uma nova paixão.