Consiga o seu Emprego dos Sonhos
Carreiras com Propósito e Impacto Social

Por que é difícil ter e manter lideranças femininas?

Élida Ramirez de perfil da imagem

Élida Ramirez

Foto de mulher elegante e sorridente
Allyne Ribeiro é engenheira civil há 19 anos e CEO e Founder na Aplicar Engenharia | Crédito: Divulgação

“Eu atuo no mercado da engenharia há 19 anos e em apenas uma empresa que trabalhei o salário era igual para os dois gêneros. Nas outras, as mulheres ganhavam, em média, 50% menos que os homens e quase não havia lideranças femininas”, conta a engenheira civil Allyne Ribeiro, de 36 anos, CEO e Founder na Aplicar Engenharia.

Nas quase duas décadas de experiência na engenharia, preconceitos e falta de oportunidades foram situações comuns na vida de Allyne. Em uma área predominantemente masculina, ela conta que logo percebeu que sua jornada pela liderança dependia de determinação para romper os ciclos de desigualdades e preconceitos.

O contexto da empresária é frequente no mercado de trabalho brasileiro. No ano passado, o Fórum Econômico Mundial divulgou a 16ª edição do Global Gender Gap Index, o mais abrangente estudo sobre desigualdade de gênero no mundo.

De acordo com o estudo, 37% de mulheres ocupam cargos de liderança no mundo. O Brasil ocupa o 94º lugar no ranking mundial, com 69,6% de sua diferença geral de gênero. O levantamento mostra ainda que no ritmo atual, o mundo levará 132 anos para que haja uma paridade completa entre homens e mulheres.

No Brasil, a mulher ganha, em média, 34% menos que os homens, diminuindo para 24% em casos de liderança, como gerente ou diretor, de acordo com um estudo produzido pela Catho em 2021, dado mais recente.  

Por que é tão difícil? 

“Vivemos em uma sociedade ainda patriarcal. Ainda recai sobre a mulher os cuidados com os filhos, com a família e com o mundo. Tudo isso, anterior ao autocuidado e ascensão profissional”

,pontua Renata Santana, psicóloga, integrante da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH).

A especialista contextualiza ainda que, apesar desses conceitos estarem mudando com a educação pela igualdade, ainda há muito a ser feito. “Os dados do Fórum Mundial são prova que estamos longe da equidade de oportunidades”, alerta Renata. Ela cita alguns entraves para a propagação das lideranças femininas. São eles:

– Falta de educação para liderança – mulher é capacitada tecnicamente. No entanto, só começa a ser preparada para liderança na maturidade e dentro do mercado de trabalho.

– Falta de crença para a liderança – mulher não é direcionada a acreditar na sua capacidade em ser líder.

– Falta de respeito à fisiologia da diferença – características físicas e fisiológicas femininas como período menstrual, gestação, menopausa, força, são vistas como demérito pela sociedade.

– Alta exigência de performance – hiperqualificação, flexibilidade exagerada, abnegação pessoal, excesso de carga de trabalho são exigidos para que a mulher seja qualificada como líder dentro de corporações.

– Cultura sexista – sociedade empresarial ainda reforça a cultura de optar por lideranças masculinas por considerar homens mais qualificados.

Mas como romper com esse paradigma? Não basta somente dizer que os números de mulheres em cargos de liderança devem aumentar, hastear bandeiras para que os salários sejam iguais. De acordo com a representante da ABRH, é preciso incentivar a transformação do posicionamento da sociedade em relação às mulheres no comando, na gestão, na tomada de decisões relevantes dentro das corporações.

“Cada uma de nós precisa fazer a sua parte, acreditar e trilhar seu caminho. Reconheço que nesse cenário a insegurança é comum. Eu mesma passei por isso em minha jornada profissional. E é justamente por isso que precisamos estar capacitadas, articuladas e unidas. Inclusive com os homens. Porque as diferenças de gênero, somadas, fazem os negócios mais fortes e inovadores”, acredita.

A engenheira Allyne trilhou o caminho da coragem e conquistou o 3º lugar no Prêmio Jovem Destaque de Minas Gerais em 2022, organizado pela Associação Comercial de Minas (ACM/MG) e faz questão de inspirar as mulheres em seu entorno.

 “Como profissional, esposa, filha e mãe, consegui uma capacidade de amplitude, de gestão de tempo, estratégia e maturidade tão rica que isso se reverte em lucro para minha empresa. Quero ver cada vez mais mulheres em postos de liderança. Quando elas estiverem mais nos lugares de representatividade, o mercado vai se transformar”, defende Allyne.

Tags: Movimento Minas 2032

linha

Quer fazer algo a respeito dessa causa?

Botão Agir

Artigo Original:

Élida Ramirez de perfil da imagem

Élida Ramirez

Élida Ramirez, jornalista, repórter Especial e Coordenadora de Comunicação do Movimento Minas 2032 - Pela Transformação Global. Tenho a missão de usar a comunicação pelo bem comum.