Filantrocapitalismo: os ricos podem salvar o mundo?
Bill e Melinda Gates, Warren Buffet, Mark Zuckerberg, David e Dana Dornsife, entre outros filantropos, investem centenas e milhões de dólares em projetos que visam erradicar a pobreza, melhorar o acesso à educação, desenvolverem curas para doenças crônicas, entre outras questões. No entanto, mais de 700 milhões de pessoas vivem em situação de pobreza extrema e além do mais, cerca de 60 milhões de crianças não têm nem acesso à educação.
Então nos perguntamos...
Será que o dinheiro, engenhosidade e forma de investir em ideias solidárias realmente salvarão o mundo?
Para alguns a generosidade dos ricos pode significar uma simples estratégia para redução dos custos fiscais, enquanto para outros, esta atitude representa uma mudança de mentalidade em relação ao bem social que todos deveríamos ter como cidadãos do mundo, o que os filantropos chamam de responsabilidade filantrópica; um compromisso moral de ajudar aos outros.
Do que se trata essa nova filantropia de milionários?
- Fortunas não se herdam – não apenas a maioria dos ricos do mundo não herdaram suas fortunas, assim defendem que devem continuar a tradição optando por não deixar toda a herança para suas famílias. Um caso em concreto é o do milionário Warren Buffet, um dos homens mais ricos do mundo, que afirma não crer em dinastias milionárias: "não acredito em fortunas familiares, mas em igualdade de oportunidades... Creio que as pessoas mais ricas devem deixar dinheiro suficiente aos filhos para que possam ser profissionais, mas não o suficiente que não precisem trabalhar”
- Doar, enquanto é vivo, é a nova tendência– a filantropia tradicional viu os ricos doarem dinheiro para fundações em seus leitos de morte. Hoje, os ricos tem doado enquanto estão vivos. De fato, graças a essa tendência, nasceu o projeto criado por Gates-Buffett em 2010; The Giving Pledge, uma iniciativa onde os ricos sob o lema "é um compromisso moral doar, não um contrato legal" se comprometem a doar grande parte de suas fortunas em vida.
- Os novos-ricos são jovens – uma proporção significativa deles tem menos de 40 anos, o que significa que eles doam grande parte de suas fortunas enquanto vivos e no auge da carreira. Segundo a lista de milionários da revista Forbes, cerca de 45 das pessoas mais ricas do mundo têm menos de 30 anos.
- Buscam-se resultados, não apenas gestos simpáticos – os ricos estão muito conscientes de como seu dinheiro é usado. Eles não buscam apenas doar por fazer, seu empenho os leva a exigir resultados. Em muitos casos, isso os levou a criar fundações como The Rockefeller Foundation e The Knight Foundation, que fornecem subsídios para projetos e organizações em andamento.
De acordo com a revista BusinessWeek, filantropos ricos ajudaram as ONGs a sobreviver na escassez generalizada de cortes orçamentários por parte dos governos em todo o mundo. Na verdade, somente a Fundação Bill e Melinda Gates doou mais de US$ 28,3 bilhões desde sua criação, um número bastante generoso. No entanto, quando Grain, um grupo de pesquisa agrícola vasculhou o banco de dados de doações da fundação, encontrou algo curioso, nas palavras do co-proprietário da Grain, Henk Hobbelink, “Ficamos surpresos ao descobrir que, embora eles queiram erradicar a fome no sul, seu o dinheiro vai para organizações no norte.”
Por outro lado, David Rieff, escritor americano e autor do ensaio The Reproach of Hunger, embora reconheça que importantes avanços foram obtidos graças a ajuda dos filantrocapitalistas, assegura que acabam por não conseguirem diferenciar interesses comerciais e atitudes com fins altruístas, prestando assim pouca atenção ao rápido crescimento populacional e às mudanças climáticas, que são gatilhos para crises imigratórias, desnutrição, limitações no acesso aos recursos, etc. Ou seja, os fatores cruciais que colocam em xeque o famoso slogan “até 2030 erradicaremos a pobreza extrema”, utilizado por diversos filantropos e organizações como a ONU.
Objetivos que hoje não são muito críveis, sobretudo quando existe um histórico de não cumprimento deles, como o ocorrido no ano 2000: 'Proporcionar acesso pleno ao ensino fundamental', além de muitos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que tiveram de ser transformados ou reorientados para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
Sem dúvida os avanços não podem ser negados. A pergunta então seria, "são eles suficientes"?
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- Tradução: Maira Lavalhegas Hallack (lavalhegas@hotmail.com)
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Por meio do meu trabalho como voluntária, ajudo pessoas que não têm acesso ao sistema de saúde em Nova York, traduzindo eventos gratuitos de saúde do inglês para o espanhol e vice-versa e gerenciando atividades de extensão. Por sua vez, coordeno as mídias sociais da organização que atendo.