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A tecnologia não está apenas mudando a maneira como nos comunicamos, mas também como pensamos. Não consumimos informações como antes, não as buscamos como antes nem prestamos atenção da mesma forma. As pesquisas na Internet estão ficando mais rápidas e as informações são determinadas por terceiros. As bibliotecas ficaram em segundo plano, assim como os encontros presenciais e tudo o que antes conhecíamos. Tudo isso levou a uma mudança na forma como pensamos e analisamos as informações.

Qual é a conversa que precisamos ter sobre o assunto?

Estas são algumas situações que o foco excessivo que estamos dando à tecnologia não nos permite ver ou aceitar

1. A tecnologia deve servir as pessoas, não o contrário

Vivemos pensando que a tecnologia é a chave para resolver todos os problemas da sociedade. Não podemos negar que em muitos aspectos tem sido e é uma ferramenta muito útil. Estamos inovando (porque temos que inovar) deixando de lado o componente humano. A inovação deve ser o meio, mas não o fim, diz Regine Guevara, membro da iniciativa Caminhos Locais da ONU Habitat Juvenil.

O mundo está mais preocupado em superar a exclusão digital do que em combater a desigualdade. Embora parte do problema hoje seja a falta de voz nas mídias digitais, esse foco está desviando nossa atenção para as prioridades do ser humano. Um exemplo concreto são os assentamentos de refugiados, que, como diz Regine, procuram a maneira como esses campos de refugiados têm acesso à internet e, assim, possibilitam a conexão com o mundo, mas não paramos para pensar que o objetivo principal não deve ser que eles possam acessar a tecnologia, mas que eles possam se reintegrar à sociedade, que eles possam acessar direitos básicos como a educação e ser uma parte ativa de uma sociedade. O drama de muitos campos de refugiados é evidente. No entanto, parece que a tecnologia está se tornando o fim e não o meio. Essa realidade deveria nos questionar: estamos realmente focando no que é importante?

2. Comunidades digitais, sem pessoas

No mundo digital somos um número com muitos dados. Isso pode ser muito perigoso se aqueles que detêm esses dados forem um grupo seleto de pessoas. Não só podem prever onde estamos, mas também o que fazemos, o que gostamos, o que pensamos, entre muitas outras coisas. Em vez disso, eles podem desumanizar o ser humano, centralizar o poder e construir sociedades nas quais é mais importante ser aceito digitalmente do que socializar com o próximo.

A série britânica ‘Black Mirror‘ expõe um pouco essa situação, embora seja ficção científica, não está longe da realidade. Esta série nasce como uma crítica ao uso excessivo da tecnologia e às implicações que ela pode trazer ao ser humano. Em um de seus episódios, ele questiona o futuro das mídias sociais, como passamos de julgar as pessoas não por quem são, mas julgá-las pelo número de curtidas que elas têm em suas redes sociais.

Parece que não estamos tão longe da ficção. Julgamos uns aos outros pela rapidez com que respondem às nossas mensagens no Whatsapp, pelo tipo de fotos que compartilham e por sua ‘identidade‘ digital. Essa realidade deveria nos questionar: estamos criando sociedades digitais, sem pessoas?

3. A tecnologia pode ser tão viciante quanto o álcool

Falamos sobre dependência de álcool, comida, trabalho ou drogas, mas pouco ou nada sobre a da tecnologia. No entanto, ela é igualmente fonte de dependência. Chama-se Tecnofilia, condição em que as pessoas confiam excessivamente no uso da tecnologia, a tal ponto que não podem ser separadas dela. Apesar disso, nem governos nem empresas falam e muito menos tomam ações relacionadas a esse problema.

“O objetivo é chamar nossa atenção e monetizá-la por meio de contratos de publicidade, não se importando o quão bons eles sejam para os humanos. Devemos voltar as lentes para o bem comum e responsabilizar os líderes do setor”, diz Tristan Harris, ex-engenheiro do Google que liderou a nova campanha, lançada em Washington.

A Common Sense Media, uma ONG que promove a segurança da rede, diz que a tecnologia precisa ser regulamentada. Não só porque está gerando sérios problemas sociais, mas porque a tecnologia é um produto que, como qualquer outro, deve ser regulado, ainda mais quando seu uso indevido ou excessivo causa sérios problemas como depressão, isolamento social, ansiedade e até suicídio. Essa realidade deve nos questionar: que papel estamos dando ao ser humano na era digital?

A tecnologia nos dá inúmeras possibilidades, podemos nos comunicar mais rápido, alcançar mais pessoas, conectar, disseminar realidades e informações em questão de segundos. No entanto, a questão seria se isso está nos ajudando a fazer melhor. A ferramenta está aí para nós, como seres humanos, fazermos uso, de forma consciente, ética e com os olhos abertos para a realidade. A tecnologia é um meio que podemos potencializar, mas nem todos os meios justificam a causa.

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  • Tradução: Patricia Achilles Mendes (patyachilles1@gmail.com)

Acesse o original em espanhol aqui.

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Por meio do meu trabalho como voluntária, ajudo pessoas que não têm acesso ao sistema de saúde em Nova York, traduzindo eventos gratuitos de saúde do inglês para o espanhol e vice-versa e gerenciando atividades de extensão. Por sua vez, coordeno as mídias sociais da organização que atendo.