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Crianças em uma sala de aula

O trabalho voluntário está em alta. Acredito que isso se deve, em parte, à globalização da internet, que facilita encontrar oportunidades de colaboração a um clique de distância. No entanto, o motivo principal é que nós, os ‘Millennials’, somos uma geração que busca aproveitar a vida ao máximo. Ao mesmo tempo, tentamos reverter as regras estabelecidas anteriormente pelos Baby Boomers.

Como qualquer tema, o voluntariado tem seus defensores e detratores. Durante minha primeira experiência como voluntária, uma amiga me fez ler um artigo extenso sobre como esse tipo de trabalho pode, em alguns casos, prejudicar as comunidades locais. Por exemplo, alguns empreendedores tentam montar equipes inteiras de voluntários trabalhando apenas em troca de acomodação, para economizar em pessoal fixo. Isso me fez refletir bastante. Entretanto, após ter feito voluntariado em vários países, posso dizer que é assim como na vida: antes de se jogar na primeira oportunidade que aparece, é importante pesquisar (hoje em dia não há nada que o deus google não saiba) e comparar várias organizações antes de tomar uma decisão final.

É verdade que atualmente existe um grande mercado em torno por detrás dele, com agências oferecendo programas a preços exorbitantes e sites que conectam com anfitriões por valores um pouco mais acessíveis. Em minha experiência, até agora nunca gastei um centavo para encontrar um lugar onde pudesse colaborar e posso garantir que existem atalhos para isso. Claro, esses caminhos exigem mais tempo e habilidades digitais básicas, mas são possíveis.

De qualquer forma, considero o voluntariado um estilo de colaboração extremamente gratificante e valioso. Se você está pensando em se envolver, aqui estão algumas razões pelas quais acredito que vale a pena se aventurar.

1. É extremamente gratificante a nível pessoal

Ainda que pareça egoísta, a gratificação pessoal, como seres humanos, é natural buscarmos atividades que nos tragam satisfação (ou, pelo menos, dinheiro).

No voluntariado, você pode alcançar níveis de gratificação surpreendentes de maneiras inesperadas. Por exemplo, lembro-me de quando trabalhei com um menino em uma escola na África do Sul. Ele era visto como o mais rebelde da classe, mas um dia conseguiu escrever todas as letras de seu nome pela primeira vez. A alegria que ele sentiu, e a minha ao vê-lo conquistar esse feito. Sua expressão de êxtase me fez entender que ele não era terrível, mas que ninguém em seu ambiente reconhecia suas vitórias. Isso é algo difícil de ser esquecido.

Imagem de uma praia com pinguins.

2. Ter o poder de mudar a realidade

Todas as minhas experiências, até o momento, foram trabalhando diretamente com pessoas porque é o que sou apaixonada, mas existem muitas outras oportunidades de trabalho voluntário com organizações ecológicas, de conservação e com animais, entre outras.

Independentemente da área escolhida, mesmo as tarefas mais simples podem contribuir significativamente para o mundo, mudando a realidade, melhorando situações desfavoráveis, diminuindo disparidades e promovendo direitos fundamentais. E isso não tem preço.

3. As atividades são (quase sempre) muito fáceis

Escuto muita gente dizendo “eu não poderia porque não sei... (insira aqui qualquer habilidade que não tenha)” ou “e se não sou bom/boa fazendo tal coisa?”. Eu também tinha tais medos da primeira vez, mas a realidade é que a maioria das pessoas com as quais vai trabalhar não vai te julgar. Eles têm necessidades muito mais básicas do que se preocupar em como você é ou como fará as coisas.

Essas necessidades básicas podem ser supridas mais facilmente do que se penda, já que a maioria das ongs geralmente cuidam das necessidades essenciais, como alimentação e abrigo. Sua principal tarefa muitas vezes será oferecer carinho e atenção, algo que flui naturalmente.

4. Você conhecerá lugares e culturas fascinantes

Crianças, em uma escola, escrevendo

Por Agustina Ardisana (blogueira, viajante e empreendedora)

Seja voluntariando-se no seu próprio país ou no exterior, você se deparará com realidades muito diferentes das suas. Isso não só expande seus horizontes mentais como também promove um entendimento mais profundo das diversas formas de vida. Como sempre digo, com a compreensão se chega à tolerância e, com ela, ao amor.

Quando se voluntaria em um local no exterior, a vontade é muito maior. Viajar é minha paixão e, ao estar em um lugar novo, case posso escutar meu cérebro em alerta, trabalhando ao máximo todo o tempo, absorvendo y processando todos os estímulos que são apresentados. Isso é o que a ciência explica como “formar novos circuitos mentais” e eu interpreto como sentir-se completamente viva.

Isso é vontade para o trabalho voluntário, mas também para os lugares os quais você trabalha o esteja ajudando. Eles vão te encher de perguntas e suas respostas vão fazer com que se sintam viajando também. Há alguns dias vi novamente os vídeos que filmei no Quênia, no local das crianças que estava colaborando, elas me faziam rir muito com suas perguntas, como “qual a língua que você fala?”, “por que não conhece o ugali(*)?”, “o que comem?”, “como você usa o banheiro enquanto está viajando de avião?”. Certamente as perguntas que eu fazia a eles também soavam comuns e isso é o mais bonito do intercâmbio.

(*) ugali é um prato do leste da áfrica e é considerado um prato básico local.

5. Você terá o poder de divulgar sua experiência

Após retornar para casa, sua jornada não termina. Agora é o momento de compartilhar suas histórias, fotos e experiências com outros, contando e mostrando nas redes sociais, incentivando aqueles ao seu redor a considerar o voluntariado. Isso pode inspirar outros a seguir o mesmo caminho.

Para mim, o que começou como uma experiência de alguns meses se transformou em um estilo de vida. Ao ponto de lançar meu próprio projeto de arrecadação de fundos para continuar esse trabalho. Esse é o link, você pode colaborar financeiramente ou simplesmente ajudando a divulgar o projeto.

Porém, nem tudo é um mar de rosas. O mais provável é que volte mudado, que já não consiga se reintegrar em sua vida como era, que já não queira, nem mesmo, estar rodeado das mesmas pessoas. Você decidirá se valerá a pena. Eu te avisei.

Esse artigo foi publicado originalmente no blog Viajera Indómita.

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  • Tradução: Patricia Achilles (patyachilles1@gmail.com)

Acesse o original em espanhol aqui.

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Diretora para Ibero-América do idealist.org. Atuo na mobilização da comunidade de usuários do site em espanhol e trabalho para que Idealist.org seja o site de referência para todos aqueles que querem contribuir com sua parte para a mudança.